Falar sobre a importância de investir em treinamentos, principalmente e-learning, para os colaboradores é lugar-comum. As grandes empresas e os bons administradores já entenderam a vantagem competitiva que a educação corporativa traz consigo.
O que realmente ainda gera dúvidas é como saber se um determinado programa de treinamento tem qualidade e é efetivo. Para fazer essa análise, você pode contar com uma nova métrica: o CPED. Neste artigo, vamos explicar o essencial para incluir esse KPI em seu painel de controle de RH.
O que é a métrica CPED?
Como você deve imaginar, CPED é uma sigla em Inglês: Cost Per Employed Day, ou seja, custo por dia empregado. Basicamente, essa métrica relaciona o custo de um determinado programa de treinamento com a quantidade de dias que os participantes passaram empregados na empresa.
Apenas a título de esclarecimento, vamos apresentar algumas das métricas usadas para avaliar um programa de treinamento antes da criação do CPED. A maioria delas mede o custo do treinamento por participante. Uma minoria delas mede a retenção destes participantes no trabalho.
Perceba que estes dois fatores eram, até então, vistos separadamente. A grande novidade do CPED é juntá-las, permitindo uma compreensão mais ampla do valor (valor, e não custo) de um treinamento.
Afinal, se um programa de treinamento tem baixo custo, mas não consegue ajudar os colaboradores a avançar dentro da empresa, ele não pode ser considerado um sucesso.
Por outro lado, se os colaboradores conseguem firmar carreira na empresa, mas a um custo muito elevado, torna-se inviável manter o programa a longo prazo. Isso é um empecilho para a formação da cultura de aprendizagem contínua, que depende da manutenção de ações consistentes.
Como o CPED foi criado?
A métrica de qualidade CPED foi criada por Ali Jaffer e Mona Mourshed, executivos que trabalham com a empresa McKinsey & Co. e atuaram na implementação de um programa de empregabilidade para jovens, chamado Generation.
Dentro desse projeto, eles precisavam fazer uma avaliação do treinamento oferecido aos jovens. Nessa prática, perceberam as limitações das métricas existentes, que não comparavam input (investimentos) com output (resultados de longo prazo) adequadamente.
Então, Jaffer e Mourshed combinaram aspectos dessas métricas para formar o CPED. A partir dele, puderam fazer melhorias operacionais no Generation.
A ideia foi publicada, no começo de 2017, em uma das mais importantes mídias voltadas à temática de gestão: o site da Harvard Business Review. Além disso, Mourshed e mais dois executivos apresentarão essa métrica no evento Global Youth Economic Opportunities Summit, em Setembro de 2017.
O que esta métrica cálcula?
Para aplicar a métrica CPED ao treinamento de uma empresa, é preciso coletar três dados básicos. Eles são:
- Custo total do programa de treinamento (C)
- Quantidade de colaboradores participando do treinamento (Q)
- Média de dias que estes colaboradores permanecem na empresa, nos primeiros seis meses após o treinamento (D)
De posse dessas informações, basta aplicar a seguinte fórmula:
CPED = C / (Q x D)
Em outras palavras, você está calculando a relação do custo médio do treinamento para cada dia que os participantes permaneceram empregados. Quanto menor o valor obtido, mais positiva é esta relação.
Vale reforçar que o CPED é inversamente proporcional ao valor de Q. Quanto menos dias o colaborador permanece na empresa após o treinamento, mais alto é o CPED, indicando que o programa teve algum problema de qualidade ou efetividade. Vamos explicar melhor no próximo item.
Quais os benefícios para o negócio?
Nesse ponto, você deve estar se perguntando como esse cálculo colabora para determinar a qualidade do treinamento e, também, a efetividade do treinamento. Vamos explorar um pouco as implicações e a importância do CPED.
Quando uma empresa investe em certo programa de treinamento para a equipe, entre seus muitos objetivos, podemos destacar duas metas principais: desenvolver o profissional (uma meta focada no colaborador) e ajudá-lo a apresentar melhor desempenho, a realizar seu trabalho com mais qualidade (uma meta focada na empresa).
Suponha que, logo após o treinamento, o colaborador consiga um outro emprego e saia da sua empresa. Nesse caso, o investimento realizado nele por meio do treinamento nunca será recuperado na forma de trabalho e performance.
Portanto, podemos dizer que esse treinamento não foi efetivo. Observe que, se você fizer o cálculo do CPED nessa situação, obterá um valor elevado — ou seja, negativo.
Agora, vamos analisar outro cenário. Suponha que, mesmo depois do treinamento, o colaborador continue apresentando um desempenho insatisfatório. Por consequência disso, ele é desligado.
Nessa situação, podemos dizer que o treinamento não teve a qualidade necessária, pois não foi suficiente para ajudar o colaborador a atingir as expectativas. Mais uma vez, se você fizer o cálculo do CPED nessa situação, obterá um valor elevado — negativo.
Como você pode perceber, o CPED é muito importante para identificar se um programa de treinamento está trazendo bons resultados. Mais do que isso, ele permite quantificar e, portanto, relativizar os treinamentos que são mais interessantes para a empresa.
Quais são os benefícios para o RH da empresa?
Já mencionamos, no item anterior, que o CPED consegue quantificar, colocar em números, os resultados de qualquer programa de treinamento.
Para o RH da empresa, isso representa um avanço em relação às outras métricas existentes, pois permitirá comparar diferentes treinamentos e optar por aqueles que tragam um custo-benefício mais atraente. Dessa maneira, o setor consegue gerenciar melhor seus investimentos e cortar gastos de baixo retorno.
Além disso, uma análise mais detalhada também viabiliza criar estratégias para melhorar os treinamentos.
Observando o cálculo do CPED, o RH poderá determinar se o problema está no alto custo total do programa, ou na baixa média de dias que os colaboradores permanecem na empresa. Conforme as observações realizadas, tomam-se medidas diferentes.
Com esses benefícios, o RH da empresa conseguirá atuar de maneira mais acertada no que diz respeito ao desenvolvimento profissional da equipe e, assim, beneficiará a organização como um todo.
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